A Revolução dos Cravos foi mais uma vez celebrada em Portugal. Em Peniche, o evento juntou activistas dos direitos humanos e várias personalidades da vida social, política e cultural, entre as quais duas ligadas ao movimento de 25 de Abril de 1974: Américo Gonçalves e Carlos Alberto Amaral.
Américo Gonçalves participou na acção militar de 16 de Março de 1974 e, enquanto militar, Carlos Alberto Amaral esteve destacado em Peniche para guardar os agentes da PIDE detidos após o movimento revolucionário dos Capitães de Abril.
Recorde-se, o derrube da ditadura militar por parte dos militares está directamente ligado ao declínio e fim do Império colonial português e à actual nova era democrática portuguesa. A democracia portuguesa já cumpriu 44 anos, 44 anos de aprendizagens, de lições de vida em liberdade, de grandes evoluções sociais e políticas, e de alguns amargos de boca.
José Marcos Mavungo foi um dos palestrantes. “Foi para mim uma oportunidade para lembrar a condição particularmente dramática da ditadura por que ainda passam muitos povos, com destaque a problemática das arbitrariedades do governo angolano contra aqueles que exercem seu direito de expressão e reunião – os desafios da cidadania da liberdade e os padrões das violações do direito de reunião e de manifestação” , afirma Marcos Mavungo.
O activista Cabinda diz que “mereceu-me particular atenção as actuais detenções arbitrárias em vários cantos de Angola, a situação particularmente dramática dos activistas das Lundas, do Uíge e de Cabinda, lembrando que os capitães de Abril não fizeram este dia para as calamidades que ocorrem em Angola, em particular em Cabinda , onde os cidadãos ainda não podem organizar-se em associação de defesa dos direitos humanos, vigiados em todas as suas acções pelos agentes dos Serviços do Estado (SINSE) – sem direitos nem peso nas decisões sobre a sua terra, entre gritos e gemidos de dor, pobreza e doença, incertezas e deterioração do meio ambiente, abuso de poder e clientelismo, corrupção e deficiência dos serviços administrativos, assassinatos e perseguições, detenções arbitrárias e julgamentos injustos. “
Por conseguinte, conta Marcos Mavungo, “lancei o apelo aos homens de boa vontade para ajudarem os governantes angolanos a fazerem as reformas necessárias que permitam aos angolanos e o mundo sentir a organização do Estado funcionar na sua interacção e mudanças contínuas, abordando sem tabus os actuais dilemas e conflitos – entre os quais a corrupção institucionalizada, a questão de Cabinda – e posicionando-se cada vez mais no limiar da Transparência, Justiça, Fraternidade, Reconciliação e Dignidade Humana. “